Carta ao Gil Giardelli

Prezado Gil Giardelli, sou Mayara Dias, estudante de Jornalismo e li o seu artigo “O bom uso da rede” e confesso que já venho percebendo uma enorme dose de infantilidade nos usuários das redes sociais e me senti muito acolhida ao ler o seu texto, pelo fato de me sentir muitas vezes ‘excluída’ dessa geração, por discordar de muitas coisas que são postadas/compartilhadas e curtidas por muitas e muitas pessoas. Não que eu seja a dona da verdade, a mais perfeita das mulheres, mas eu acho muito desnecessário um ser humano com duas décadas de vida, ou até mais, ficar nos informando que “Hoje é sexta :)”, ou “#PartiuBanheiro”. Sei que para resolver essa questão é fácil, devo apenas clicar em “desfazer amizade”, mas continuo conectada a essas pessoas por ter a oportunidade de saber como as pessoas ao meu redor se comportam, mesmo que eu não as entenda. Por outro lado, entendo-lhe quando o Sr. critica a ação de quem compartilha fotos “fofinhas ou a última moda em tintas para unha”, mas vai me dizer que o Sr. nunca deu um sorriso se quer, quando se deparou com as famosas frases de indignação do “Chapolim sincero”, ou agora mais recente, do “Félix Bicha má”? Desculpe a ousadia da brincadeira!

Mas voltando à minha análise, acredito que um dos grandes problemas de todo esse excesso de descontração das redes sociais, é a questão da alienação, ou seja, as pessoas, principalmente os jovens (que são o futuro do país), estão cada vez mais fora de alcance das notícias que podem influenciar eles numa reflexão prol a sociedade. Melhor explicando, quero dizer que quanto mais nós nos importarmos se o nosso vizinho vai passar o final de semana na praia, menos nós iremos nos preocupar com quem governa nossa cidade, com o que os nossos vereadores, deputados estão fazendo com o nosso dinheiro, e arrisco a dizer, até mesmo com os nossos sonhos. Acredito também que diante dessa situação há uma perda da identidade dessa geração, que comoveu milhares de pessoas saindo às ruas neste ano de 2013, porque elas ofuscaram suas ideias atrás de uma opiniões de terceiros e que as vezes elas nem se identificam, mas como a maioria curtiu, ela vai lá e curti também. Vivemos uma verdadeira teoria do silêncio.

Quanto ao fato de grandes empresas das redes, como o Sr. mesmo citou Facebook e Google, de certa forma escolherem com quem devemos nos relacionar, notícias sobre quem e de qual local do mundo devemos saber, é um segundo problema que acredito que há um grande interesse político. A raiz dessa problemática está na educação e conhecimento de cada indivíduo. Uma pessoa que tem consciência desse fato, de que ela está “limitada” a se comunicar com determinadas pessoas e culturas pode até fazer algo para mudar isso no círculo dela. Mas outro ser humano que não consegue enxergar essa situação, nunca vai querer sair da sua zona de conforto.

Talvez, muitas pessoas tiveram a oportunidade de ter lido seu artigo, que é simples e verdadeiro, mas filtrar a sua reflexão é outro fator, que deve ser muito bem trabalhado na sociedade atual, para que não nos tornemos ainda mais vazios e “chipanzés replicadores”.

Obrigada!

Saiba mais: Leia o artigo do professor do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM e da Miami Ad School, Gil Giardelli, em que foi baseado essa carta >> http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/169/noticias/o-bom-uso-da-rede

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